Fazenda Estrela do Sul - Nova Módica - MG - Desde 1951.
"PRODUZINDO LEITE A PASTO"
Filiada à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu - ABCZ
Missão
Selecionar o rebanho Gir leiteiro e Girolando para a produção de leite a pasto com produtividade e sustentabilidade, gerando lucro e respeitando o meio ambiente.
Visão Seguiremos selecionando o nosso rebanho utilizando a genética de primeira linha das raças Gir leiteiro e Holandesa, formando fêmeas girolando de alta capacidade para produzir leite a pasto.
ARTIGOS PUBLICADOS
PRINCIPAIS DOENÇAS DA BOVINOCULTURA LEITEIRA - EMBRAPA GADO DE LEITE 2018
São descritas as principais doenças que afetam os bovinos leiteiros de acordo com sua etiologia, sinais clínicos, diagnóstico e medidas de prevenção e controle.
PRINCIPAIS DOENÇAS DA BOVINOCULTURA LEITEIRA - EMBRAPA GADO DE LEITE 2018.pdf Tamanho : 252,657 Kb Tipo : pdf |
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Veja a matéria completa em:
Vacas mestiças - potencialidades e desafios - EVUFMG.pdf Tamanho : 294,754 Kb Tipo : pdf |
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EMBRAPA GADO DE LEITE: 500 PERGUNTAS - 500 RESPOSTAS
Nesta terceira edição, revisada e ampliada, foram mantidas a maioria das perguntas da segunda edição relacionadas aos temas alimentação e manejo de vacas e touros, recursos forrageiros, manejo reprodutivo, saúde animal, melhoramento genético animal, mastite e qualidade do leite, produção orgânica de leite, instalações, ambiência e manejo de dejetos, atualizando as respostas, quando necessário. Muitas perguntas novas foram também incluídas e três novos capítulos criados: um sobre cria e recria de bezerras e novilhas, outro sobre bem-estar animal, um terceiro sobre gerenciamento da atividade leiteira. Esses novos capítulos visam facilitar a leitura ao abordar novos aspectos da produção leiteira.
500 pergunta - 500 respostas - Gado de leite.pdf Tamanho : 5427,288 Kb Tipo : pdf |
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SUMÁRIO DE TOUROS GUZERÁ LEITEIRO 2019
EMBRAPA GADO DE LEITE
A raça Guzerá é utilizada tanto em sistemas especializados na produção de leite, quanto em sistemas de duplo propósito, ou seja, que produzem leite e carne. Segundo resultados do PNMGuL, houve nestes 25 anos um aumento médio de 50 kg de leite/ano na lactação das vacas Guzerá. A raça preserva suas características de rusticidade, sendo adequada para sistemas intensivos de produção de leite e também indicada para regiões que vem sofrendo com a crise hídrica decorrente das mudanças climáticas.
FONTE: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1108552/1/SumariodeTourosGuzera237Completo2.pdf
Fonte: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteZonadaMataAtlantica/racas1.html
CAPIM ELEFANTE: OS RECORRENTES ERROS SOBRE A SUA RECOMENDAÇÃO.
Thiago Fernanfes Bernardes
Capim-elefante - os recorrentes erros sobre a sua recomendação.pdf Tamanho : 170,488 Kb Tipo : pdf |
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Capim-Elefante - os aspectos que podem balizar a sua recomendação.pdf Tamanho : 143,894 Kb Tipo : pdf |
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NOVA VARIEDADE DE CAPIM ELEFANTE (PIONEIRO) PARA PASTEJO.
Nova variedade de capim elefante (pioneiro) é específico para pastejo.pdf Tamanho : 132,874 Kb Tipo : pdf |
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Capim Elefante Canará.pdf Tamanho : 1384,54 Kb Tipo : pdf |
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CAPIM ELEFANTE BRS CAPIAÇU - COMUNICADO TÉCNICO 79 EMBRAPA
BRS CAPIAÇU ComunicadoTecnico 79 EMBRAPA.pdf Tamanho : 4711,676 Kb Tipo : pdf |
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PESQUISA EM CRUZAMENTOS - RESULTADOS ZOOTÉCNICOS Roberto Luiz Teodoro
Pesquisa em cruzamentos - Resultados zootécicos -Roberto Luiz Teodoro.pdf Tamanho : 93,027 Kb Tipo : pdf |
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Rui da Silva Verneque; Roberto Luiz Teodoro; Mário Luiz Martinez; Nilson Milagres Teixeira; Ary Ferreira de Freitas; Cláudio Nápolis Costa
O objetivo do cruzamento é obter um melhoramento genético rápido, reunindo em um só animal as boas características de duas ou mais raças, aproveitando-se a heterose ou vigor híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais. A heterose é mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento e mais adversas forem as condições de manejo. Existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre as raças Holandesa e Zebu. A heterose afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é máxima nos animais F1 ou de ‘primeira cruza’. O F1 reúne as boas características de ambos os progenitores. No caso do cruzamento de uma vaca Gir com um touro Holandês, as fêmeas F1 vão apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês) do que a Gir, e maior resistência a parasitas externos (ectoparasitas) (Veja Tabela 1 em Vacas Mestiças ), mais tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês. A performance (produção) do indivíduo F1 vai depender da qualidade genética dos progenitores (do touro e da vaca). Assim, existem bons e maus animais F1 (ou meio-sangue), refletindo a qualidade genética do touro e da vaca envolvidos no cruzamento. Portanto, é importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles Europeus ou Zebus.
Até início dos anos 90, a recomendação para se obter F1 era cruzando vacas Gir com touros Holandeses . Isso porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas Holandesas de maior valor. Desde 1993, dispõe-se de touros Gir leiteiro provados para produção de leite. Também, as vacas Holandesas não estão com preço muito elevado, enquanto a população de Gir diminuiu. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir com touro Holandês, como o cruzamento recíproco, vacas Holandesas com touro Gir. Geneticamente, a qualidade do F1 é a mesma, com o mesmo potencial de produção de leite. Pode haver efeito materno no tamanho dos animais F1, sendo os filhos das vacas Holandesas maiores.VACAS MESTIÇAS
Rui da Silva Verneque; Roberto Luiz Teodoro; Mário Luiz Martinez; Nilson Milagres Teixeira; Ary Ferreira de Freitas; Cláudio Nápolis Costa
Cerca de 70% da produção de leite no Brasil provém de vacas mestiças Holandês-Zebu. Na pecuária leiteira, considera-se gado mestiço aqueles animais derivados do cruzamento de uma raça pura de origem européia e que seja especializada na produção de leite (Holandesa, Pardo-suíça, Jersey etc.), com uma raça de origem indiana, uma das várias que formam o grupo Zebu (Gir, Guzerá, Indubrasil, Sindi ou Nelore). A raça Holandesa predomina nos cruzamentos, sendo mais comum o de Holandês com o Gir, mais conhecido como Girolando . Há também o ‘Guzolando’, resultado do cruzamento de Holandês com Guzerá e já há alguns produtores fazendo o ‘’Nerolando’, que é o cruzamento do Holandês com o Nelore. Na primeira cruza entre as diferentes raças, obtém-se o F1 ou meio-sangue.
Quando se cruza uma vaca F1 com um touro Holandês puro, obtém-se o 3/4 HZ. Ao cruzar as fêmeas 3/4 HZ com touro Holandês, tem-se o 7/8 HZ. Cruzando-se as fêmeas 7/8 HZ com touro Holandês puro, obtém-se o 15/16 HZ. Se continuar cruzando com touro Holandês P.O., vai apurando a raça Holandesa, até obter os puros por cruza ou PC.
Pesquisa realizada durante mais de 15 anos pela Embrapa Gado de Leite mostrou que a performance de cada cruzamento é variável com a tecnologia adotada nas fazendas. Nas propriedades com melhor nível de manejo, as vacas mais holandesadas (3/4 HZ; 7/8 HZ e H) foram as mais produtivas. Nas fazendas mais simples, onde se emprega menos tecnologia, as vacas mais azebuadas foram as mais produtivas, exceto as 5/8 HZ. Isso porque não se considerou a seleção, ou seja, não foram usados touros mestiços provados, pois eles não estavam e ainda não estão disponíveis no mercado. Em qualquer caso, as vacas mais azebuadas foram as mais resistentes aos parasitas externos (ectoparasitas) as mais pesadas e as mais longevas.
Teoricamente, quanto mais puxada para o lado do Holandês, mais leite a vaca vai produzir, porque a raça Holandesa tem maior especialização leiteira do que as zebuínas. Mas também quanto mais holandesado o rebanho mais exigente em trato, mais susceptível a carrapato (Tabela 1), mais sensível ao calor, os animais têm dificuldade em subir morros muito altos para pastar etc. Além disso, após o grau de sangue 3/4 HZ, os machos não são bons para serem criados e recriados para corte.
Nas fazendas com melhor manejo, a produção de leite (litros/vaca/dia) é bastante semelhante entre vacas mestiças com graus de sangue 1/2 HZ, 3/4 HZ, 7/8 HZ e 15/16 HZ. As mais holandesadas são mais produtivas (litros/lactação) porque têm período de lactação maior do que o das mais azebuadas. Para manter o rebanho mestiço nessas condições, o mais apropriado é cruzar as vacas 15/16 HZ com um touro Zebu de boa genética, preferencialmente Gir leiteiro ou Guzerá provado para leite, voltando o gado para próximo do meio-sangue. Nesse caso, os filhos desse cruzamento terão 47% de genética (sangue) Holandesa e 53% de Zebu.
FONTE: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_233_21720039248.html
PRODUZIR LEITE A PASTO EXIGE CONHECIMENTO
Jesus Xavier Ferro
A produção de leite dita a pasto, na verdade necessita de alguns conhecimentos técnicos. Muito já se falou em produzir leite a pasto com intuito de termos um produto mais barato e mais competitivo no mercado. Vários técnicos e pesquisadores ligados à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig), já fizeram estudos e trabalhos com essa finalidade. Criaram até um “Sistema de Produção de Leite a Pasto” indicado para as pequenas e médias propriedades com rebanho girolando com período de lactação de 240 a 270 dias e produção média por lactação de até 3.500 litros de leite.
Mais recentemente veio os Neozelandeses, entrando com força no Brasil, e se instalaram aqui em Goiás (município de Anápolis) e na Bahia (município de Jaborandi), onde a ideia é explorar um tipo de vaca denominada “KIWICROSS”, desenvolvida na Nova Zelândia oriunda basicamente do cruzamento das raças Jersey e Holandesa, adaptadas a pasto. Na Nova Zelândia usa-se as duas raças puras e a pastagem é de ótima qualidade, à base de Azevém e Trevo branco.
Aqui no Brasil, e especialmente em Goiás, o negócio é um pouco diferente e precisa de alguns conhecimentos a mais e as devidas adaptações.
A alimentação dos animais aqui é à base de gramíneas tropicais Braquiárias, Tiffton-85, Coast.Cross, Tanzânia, Mombaça e outros). Dependendo do sistema adotado e da localidade no estado, essas gramíneas podem ser irrigadas no período seco. Os Neozelandeses usam projetos em pivô central. Mas, pode-se usar em pastejos menores, a irrigação com tubulação em malhas enterradas e com aspersores que mudam de pontos , conforme o andamento da irrigação.
Mas, a alimentação de vacas leiteiras não é só a pasto como diz o título (Produção de leite a pasto). No período das chuvas usa-se o concentrado (“ração”) de acordo com a produção de leite das vacas. Na época da seca é necessário o uso do pastejo irrigado e/ou cana picada, silagens de milho/sorgo e o concentrado conforme a produção.
Dependendo da localização da propriedade e da viabilidade econômica pode-se usar ainda, em suplementação às silagens e cana, os resíduos de cervejaria, caroço de algodão e outros subprodutos de agroindústrias.
Algumas
características desejadas para as vacas com produção de leite a pasto:
-Boa produtividade leiteira
-Boa persistência de lactação
-Menor porte (média a pequena)
-Tetas mais curtas
-Pernas mais altas
-Cascos mais resistentes
-Boa tolerância às temperaturas elevadas
-Menor infestação por carrapato.
Sendo assim, é que se pensou então nos cruzamentos entre raças. Na Nova Zelândia usou-se a raça Holandesa e Jersey puras como já relatamos e que devido as condições de pastagens e manejo, vai bem.
Para Goiás pode-se usar, com critérios zootécnicos, a Girolanda com Jersey e os tricross Gir x Holandesa x Jersey, Sindi x Holandesa x Jersey e outras, mas sempre levando em conta as características acima. Nesse padrão de vaca obtido pode-se introduzir, dependendo do caso, as raças Suíça, Caracu, Simental leiteira.
Nota-se então que é preciso de um “olho técnico” e esse olho é um bom técnico em reprodução para a escolha das raças e para coordenar os cruzamentos.
Para facilitar o trabalho e torná-lo mais sustentável é necessário que as propriedades façam o uso de inseminação artificial, tenham ordenhadeira mecânica e tanque de expansão e logicamente, fazer controle zootécnico do rebanho. Devem possuir áreas distintas ao plantio de cana, milho/sorgo para silagem.
Para apoiar tecnicamente as propriedades pequenas, e até familiares, é necessário que o governo tenha um serviço eficiente e eficaz de assistência técnica, pesquisa agropecuária e extensão rural no Estado.
Jesus
Xavier Ferro é médico veterinário da
Supervisão de Pecuária da Emater Goiás
FONTE: http://www.emater.go.gov.br/w/5391
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE LEITE A PASTO
O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca de 160 milhões de cabeça, sendo que deste efetivo, cerca de 34 milhões são de animais destinados à produção de leite (14, 7 milhões de vacas em lactação e secas), que, por ano, produzem cerca de 19 bilhões de litros, com uma média de 4,9 kg/vaca/dia, supondo uma lactação de 270 dias de duração (ANUALPEC, 1999/2001). Possuidor da maior área agricultável e do maior reservatório de água doce do mundo, o Brasil possui ainda topografia e condições edafo-climáticas variadas e excelente luminosidade, o que lhe confere condições favoráveis de produzir pasto e forragem conservada, permitindo o aumento do rebanho e de produção de leite de qualidade. Devido a essas riquezas naturais, que garantem alto potencial de crescimento da sua produção (5% ao ano, número que raríssimos países podem ostentar), o Brasil tem uma posição chave no cenário futuro da pecuária de leite mundial. Estudiosos mencionam que o Brasil, ao lado da Argentina, Nova Zelândia e sul da Austrália, serão as quatro maiores regiões produtoras de leite do planeta (TORTUGA, 2003). Nesse sentido, Benedetti (2002) reporta que um modelo de produção dando ênfase à utilização de forrageiras tropicais, somando à interação genótipo-ambiente do rebanho leiteiro, poder-se-ia contemplar uma média em torno de 10 kg de leite/vaca/dia, com qualidade e competitividade, gerando excedente para exportação, superior a qualquer país do mundo. Neste modelo, o principal objetivo é a redução de custos de produção aliado ao aumento da produtividade animal para aferir maiores margens de lucro, sendo que a pastagem fornece toda a alimentação volumosa durante o período chuvoso e para o período da seca são utilizadas diversas formas de suplementação, em nível de cocho, principalmente a cana-de-açúcar corrigida com uréia e silagens de capim elefante e milho.
Um sistema de produção de leite a pasto racionalmente conduzido torna a atividade leiteira competitiva, uma vez que eleva a disponibilidade de forragem e permite sua utilização de forma mais eficiente pelo rebanho leiteiro, visto que diversas pesquisas estimam que entre 50 a 80% das pastagens são perdidas pelos mais diversos fatores, principalmente, pelas características vegetativas das plantas tropicais, que apresentam crescimento rápido e amadurecimento precoce. Além disso, o alimento mais barato que se pode produzir para ofertar ao rebanho leiteiro é a pastagem manejada intensivamente, que apresenta um custo entre 2,0 a 5,2 vezes menores que outros alimentos, como podemos observar na Tabela 1:
Tabela 1: Custos de produção de diferentes alimentos volumosos usados nas fazendas leiteiras do Brasil.
Alimento Volumoso |
Produção estimada ton. MS/ha/ano |
R$ t. MO |
R$ t. MS |
Pastagem intensiva |
30 |
3,60 |
18,00 |
Cana + uréia |
25 |
9,20 |
37,00 |
Silagem de capim elefante |
40 |
11,00 |
40,00 |
Silagem de girassol |
12 |
19,00 |
64,00 |
Silagem de sorgo |
18 |
21,00 |
64,00 |
Silagem de milho |
15 |
24,00 |
68,00 |
Fenos de gramíneas |
17 |
80,00 |
94,00 |
Fonte: Aguiar e Almeida (1998)
A partir de diversos trabalhos de pesquisa publicados, observa-se que as condições ambientais brasileiras permitem a exploração de leite a pasto o ano inteiro, além de permitir a exploração de alto potencial de produção das plantas forrageiras quando manejadas corretamente, sendo que a utilização de pastagens tropicais manejadas intensivamente tem um potencial de fornecimento de nutrientes para produções próximas de 12 kg de leite/vaca/dia sem o uso de rações concentradas, o que resulta em um baixo custo de produção e faz com que as pastagens tornem-se um recurso natural que possibilita alta competitividade no uso da terra. Considerando que o potencial médio das pastagens tropicais seja de apenas 8 kg de leite/dia, observa-se que o manejo intensivo da pastagem pode aumentar em 50% a produção de leite/vaca. Entretanto, são vários os fatores que condicionam a produção de leite em uma pastagem. Dentre eles podem se destacar a aptidão leiteira da vaca, a qualidade do pasto, a disponibilidade de pasto (oferta de forragem), o rendimento forrageiro da pastagem (capacidade de suporte), o sistema de pastejo e a suplementação da pastagem.
Para
Benedetti (2002), um programa de produção de leite a pasto deve permitir que os
produtores de leite passem a utilizar, com máxima eficiência, os recursos
disponíveis da fazenda. Para tanto, deve-se levar em consideração a distinção
de dois fatores no processo produtivo: os vitais e os importantes. Os vitais
são aqueles que serão contemplados com a máxima prioridade e compreendem:
· Locação e adequação de água de bebida;
· Sub divisão das pastagens;
· Manejo das pastagens ;
· Estratégias de reserva de alimentos para o período seco;
· Controle zoosanitário do rebanho;
· Registros e controles da atividade;
· Manejo do esterco;
· Sombreamento das pastagens.
Os fatores
importantes compreendem tecnologias que devem ser implantadas na propriedade
após a contemplação integral dos fatores vitais. São eles:
· Análise e correção do solo;
· Adubação de pastagens com adubos solúveis e orgânicos;
· Conservação do solo;
· Escolha de forrageiras;
· Melhoramento animal – interação genótipo:ambiente;
· Prática de irrigação em épocas estratégicas.
A água representa o principal alimento para o rebanho leiteiro e sua importância está diretamente relacionada com o aproveitamento da pastagem oferecida, visto que quanto maior for a distância entre a pastagem e o bebedouro, menor será o aproveitamento da forragem. Em pastos com áreas menores, onde a fonte de água fica mais próxima para os animais, é mais fácil se conseguir pastejo uniforme.
O desempenho de vacas leiteiras na pastagem é função da ingestão de forragem, do valor nutritivo da forrageira e do potencial genético do animal. Sob regime de pastejo, o consumo de forragem é afetado pela altura da forragem, pela relação folha-haste, pela densidade volumétrica da forragem, pela disponibilidade de pasto e pela ingestão de água.
Numa condição de sub pastejo tem-se uma máxima produção de leite por animal, entretanto a produção por área é menor, devido à sub utilização da área. Por outro lado, o super pastejo leva a uma situação inversa, pois há uma menor disponibilidade de forragem por animal, ocorrendo uma menor seleção do relvado, um menor consumo e conseqüentemente uma queda na produção por animal. A oferta de forragem deve variar ao longo do ano, procurando equilibrar a oferta e a demanda de nutrientes para o animal, e evitar períodos de super e subpastejos que comprometam a persistência e a qualidade da pastagem (ASSIS, 1997). Assim, para alcançarmos uma boa produção de leite/ha/ano torna-se necessário um eficiente aproveitamento da forragem produzida, principalmente durante as estações primavera/verão, onde as condições climáticas favorecem a produção máxima de matéria seca pela plantas forrageiras. Esta eficiência se torna mais fácil de ser conseguida, quando adotamos um sistema de pastejo adequado para a propriedade. Para Rodrigues & Reis (1997), um sistema de pastejo ideal é aquele que permite maximizar a produção animal sem afetar a persistência da planta forrageira e constitui uma combinação definida e integrada do animal, da planta, do solo e do clima. Basicamente, são utilizados dois sistemas de pastejo no Brasil: o de lotação contínua e o de lotação rotacionada.
O pastejo de lotação contínua se caracteriza pela utilização da pastagem sem descanso durante todo o ano, ou durante várias estações, podendo ser com um número de animais fixo ou variável ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade de forragem. Deve ser utilizado quando a propriedade possui pastagens formadas por forrageiras de porte baixo, estoloníferas ou semi-prostradas, como a maioria das plantas Brachiaria spp (decumbens, humidicola, ruziziensis, etc) e Cynodon spp (grama estrela, coast cross, tifton 85, etc), e não são utilizadas de forma intensiva, ou seja, não exploram a máxima eficiência dessas forrageiras, e onde a capacidade de suporte não passa de 1,5 UA/ha. É importante lembrar que o controle da disponibilidade de forragem é imprescindível para que não haja ocorrência de sub ou super pastejo, prejudicando assim o desempenho da planta forrageira.
No pastejo de lotação rotacionada, a pastagem é subdividida em um número variável de piquetes, que são utilizados um após o outro, podendo ser também com carga fixa ou variável. É baseado no princípio de que um período de descanso favorece a produção de forragem, permitindo o desenvolvimento de raízes, perfilhos e reservas orgânicas. Neste sentido, Maraschin (1986) reporta que o pastejo de lotação rotacionada deve ser adotado para plantas que necessitam de um período de descanso para acumular e recuperar as reservas orgânicas, para permitir a regeneração da pastagem sem a interferência do animal e prevenir a eliminação das espécies que são mais aceita pelos animais. Assim, as gramíneas cespitosas de intenso perfilhamento e que apresentam precoce alongamento de caule e rápida elevação de meristema apical, como as forrageiras das espécies Panicum maximum (colonião, tanzânia, mombaça) e Pennisetum purpureum (capim elefante), são melhores adaptadas a este sistema. Além disso, este sistema é indicado para as propriedades que adotam a exploração intensiva da pastagem para produção de leite, de qualquer espécie forrageira, através da adoção de tecnologias como a correção e adubação dos solos e a utilização de irrigação da pastagem, permitindo que o nível de produção de forragem seja alto e, conseqüentemente, as taxas de lotação sejam superiores a 2,0 UA/ha, pois é possível controlar o nível de desfolha e evitar o consumo da rebrota que ocorre em poucas horas após a desfolha, impedindo a redução do vigor da rebrota. Normalmente, a adoção do sistema de pastejo de lotação rotacionada permite alcançar um aumento na lotação animal que varia de 25 a 100%, devido basicamente ao aumento da eficiência da colheita da forragem pelos animais e à uniformidade de pastejo (Aguiar, 2003). Para Benedetti (2002), este sistema de manejo de pastagens permite, além de um manejo mais fácil, uma maior oferta de matéria seca, uma menor seletividade animal, aumento da disponibilidade de folhas em relação às hastes, maior consumo de matéria seca, uma vez que a planta apresentando altura ideal e densidade de cobertura do solo, o animal se saciará mais rapidamente, diminuindo o tempo de ruminação, o que ocasiona menor gasto de energia do animal e aumenta a eficiência da alimentação, com maior produtividade.
A determinação da quantidade de forragem disponível em cada piquete no sistema de pastejo com lotação rotacionada, que define a capacidade de suporte da área, pode ser feita por dois métodos. O primeiro, chamado de direto, é realizado através da pesagem da forragem existente, com posteriores cálculos matemáticos, que define o número mais preciso de lotação da área. Normalmente é mais utilizado por médios e grandes produtores. No sistema indireto, por sua vez, esse cálculo é obtido apenas com a medição da altura do capim e a consulta a uma tabela (Tabela 2) que, conforme os dados apurados, indicam quantos e quando os animais devem entrar e sair de determinado piquete, a fim de que façam um bom proveito e não prejudiquem o desenvolvimento da planta. Vem sendo mais utilizado, principalmente, pelos pequenos produtores, pela facilidade de aplicação.
O período de ocupação do piquete corresponde ao período de permanência dos animais no piquete. Ele vai depender do ritmo de crescimento das plantas forrageiras e da estrutura disponível. Deve ser mais curto (01 dia de ocupação) apenas em sistemas de uso intensivo da pastagem, podendo chegar até a uma semana, em áreas mais extensivas. Quanto menor for o período de ocupação da pastagem, maior será o controle do homem sobre o pasto.
O período de descanso é o tempo necessário para a planta voltar a crescer e está em função da espécie forrageira. Os perfilhos das plantas forrageiras mantêm um número relativamente constante de folhas e, após ser atingido esse número, sempre que surgir uma folha nova a mais velha irá desaparecer. Assim, o período de descanso é variável porque o ritmo de crescimento da planta sofre influência das condições ambientais, tais como, temperatura, luz, presença de nutrientes e água no solo. Ele deve coincidir com a maturação da última folha lançada pelo perfilho. Na Tabela 2 encontramos os períodos de descanso sugeridos para as diversas forrageiras tropicais. Observa-se que existe uma amplitude, que está em função da estação do ano: uma espécie forrageira deve apresentar período de descanso mais curto na primavera, quando o tamanho do dia (fotoperíodo) é crescente, as chuvas são normais e está havendo mineralização orgânica do solo que fornece nutrientes para a planta ou se está aplicando adubos; no verão, pode ser usado o período de descanso intermediário sugerido na tabela; no outono, quando aquelas condições ambientais já não são tão favoráveis, deve ser utilizado o maior período de descanso; e no inverno este período pode ser o dobro dos períodos sugeridos. Esta variação objetiva respeitar o ritmo de crescimento da forrageira e o de manter uma mesma cobertura de pasto antes e após o pastejo ao longo do ano. A altura do resíduo pós-pastejo, que representa a quantidade de forragem que fica no pasto após a saída dos animais, também é variada em função dos mesmos fatores ambientais comentados acima e da forma de exploração da planta forrageira. Resíduos mais baixos devem ser utilizados em sistemas com altos níveis de adubação, para permitir a penetração de luz na base da touceira como forma de estimular o perfilhamento basal, e mais altos em sistemas sem adubação ou com baixos níveis de fertilizantes, para causar menos stress à planta já que as condições de rebrota não são tão favoráveis (Aguiar, 1998).
Tabela 2: Período de descanso, altura de entrada, altura de resíduo no início do período chuvoso e resíduo médio durante o ano de algumas gramíneas forrageiras.
Forrageira (nome comum) |
Período de descanso na época das chuvas |
Altura de entrada (cm) |
Resíduo início das chuvas (cm) |
Resíduo médio durante o ano (cm) |
Braquiarão, Decumbens |
24 a 35 |
40 a 60 |
10 a 15 |
20 a 30 |
Colonião, Tanzânia |
26 a 35 |
80 a 90 |
15 a 20 |
30 a 50 |
Coast cross, Estrela |
18 a 30 |
25 a 30 |
5 a 10 |
15 a 20 |
Humidicola, Dictyoneura |
21 a 30 |
25 a 30 |
5 a 10 |
15 a 20 |
Napier, Cameroon |
35 a 45 |
110 a 120 |
20 a 30 |
40 a 50 |
Pangola |
21 a 30 |
25 a 30 |
5 a 10 |
15 a 20 |
Andropogon |
21 a 30 |
35 a 40 |
10 a 15 |
20 a 30 |
Fonte: Adaptado de Aguiar (1998) e Benedetti (1999)
Quando da implantação do sistema de pastejo com lotação rotacionada, deve-se dar preferência à confecção de piquetes com forma quadrada ou retangular, sendo que o comprimento não deve ultrapassar em três vezes a medida da largura, pois assim os piquetes serão pastejados mais uniformemente. Objetivando diminuir custos de implantação, as fontes de água e sal mineral, além da sombra, devem ficar situadas em uma única área (área de lazer), que é comum a todos os pastos e deve ficar em uma posição estratégica, permitindo que os animais andem o mínimo possível para ter acesso a ela. As divisões de pastagens devem ser feitas com cercas eletrificadas, que possuem um custo de implantação bem abaixo das cercas convencionais.
Nas estações outono e inverno as condições climáticas, luminosidade, temperatura e umidade mais baixas, ocasionam a maturação da forragem com conseqüente decréscimo do seu valor nutritivo. Isto ocorre devido à passagem de seu estado vegetativo para o reprodutivo, aliado ao processo de lignificação da parede celular diminuindo os níveis de proteína, energia, minerais e vitaminas disponíveis para os animais. Sendo assim, na estação seca do ano, fica impossível mantermos a mesma produção de leite obtidas nas águas devido à baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens. Para não prejudicar a produção diária de leite da fazenda, os animais em lactação precisam ser suplementados, em nível de cocho, durante esse período, que varia de 90 a 150 dias por ano, através da utilização de volumosos verdes, como a cana-de-açúcar corrigida com uréia e enxofre e o capim elefante, volumosos conservados, como silagens e fenos, e alimentos concentrados, grãos e farelos, para as vacas que produzem leite acima da média do rebanho.
Um eficiente manejo sanitário, com adoção de um calendário zoosanitário regional, e um bom manejo reprodutivo, objetivando principalmente a redução de intervalos entre partos para próximo de 12 meses, são também requisitos básicos para se atingir a eficiência em sistemas de produção de leite.
A atividade leiteira é conhecida como sendo um negócio de margens de lucro reduzidas e somente aqueles que conseguirem reduzir os custos de produção e aumentarem o volume de leite comercializado é que conseguirão ficar na atividade. Em nossa Região, os sistemas de produção de leite que utilizam racionalmente a pastagem como fonte predominante de alimentação ou com uso de quantidades moderadas de concentrados em épocas estratégicas, é a alternativa mais viável, em termos econômicos, visto que possuímos solos de média a alta fertilidade natural e condições climáticas favoráveis, que permitem a produção de forragem praticamente durante todo o ano, tornando a produção de leite a pasto uma das atividades mais competitiva sobre o uso da terra.
Bibliografia
AGUIAR, A.P.A. Sistema de pastejo rotacionado. In: CURSO DE MANEJO DE PASTAGENS. Itapetinga, 2003. Apostila 1... Itapetinga: SEBRAE, 2003. p. 66-99.
AGUIAR, A.P.A; ALMEIDA, B.H.P.J. Elaboração de projetos para sistema de produção de leite a pasto – uma abordagem empresarial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE RAÇAS ZEBUÍNAS. 3, Uberaba, 1988. Anais... Uberaba: ABCZ, 1988. p.246-293.
ANUALPEC. São Paulo: FNP, 1999.
ANUALPEC. São Paulo: FNP, 2001.
ASSIS. A.G. Produção de leite a pasto no Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO. Viçosa, 1997. Anais... Viçosa: UFV, 1997. p. 381-409.
BENEDETTI, E; Produção de leite a pasto – bases práticas. Salvador: SEAGRI, 2002. 176p.
MARASCHIN, G.E. Sistemas de pastejo 1. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM. 8, Piracicaba, 1986. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1986. p. 261-290.
NOTICIÁRIO TORTUGA. São Paulo, Informativo Nº 432, jul/ago 2003, p11.
RODRIGUES, L.R.A; REIS, R.A. Conceituação e modalidades de sistemas de pastejo rotacionado. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM. 14, Piracicaba, 1997. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997. p.1-24.
Ronaldo
Silva Sousa
Zootecnista e Professor da EMARC-ITAPETINGA (CEPLAC/CENEX)
FONTE: http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo31.htm
Acompanhar
um só dia da rotina do pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão João
Kluthcouski, o João K, não é tarefa fácil. O homem não para. Acorda em
Goiânia, vai trabalhar em Santo Antônio de Goiás, distante 25
quilômetros de casa, e, se uma faísca surgir em sua cachola, assim, a
qualquer hora do dia, ele não hesita um minuto antes de tocar para
Ipameri, 200 quilômetros à frente.
É lá, na
Fazenda Santa Brígida, propriedade que ficou internacionalmente
conhecida por seu modelo de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF),
que João K e os colegas da Embrapa Cerrados, de Planaltina (DF),
criaram um produto inédito: o feno tropical. “É o cultivo de braquiária
com feijão-guandu-anão, uma gramínea e uma leguminosa”, diz ele.
A apresentação do feno tropical, em primeira mão, chamou a
atenção de agropecuaristas de várias regiões do país. No dia de campo da
Santa Brígida, a estação que mostrava o produto recebeu aplausos e
elogios. “Estamos diante de uma técnica que pode, sim, revolucionar o
setor de nutrição animal. É uma nova história”, avaliou José Roberto
Peres, chefe geral da Embrapa Cerrados. Luiz Lourenço, presidente da
Cooperativa Cocamar, de Maringá (PR), repetia: “Fantástico, fantástico”.
Estudos preliminares já comprovaram que o consórcio dessas duas plantas
resulta em um feno com até 18% de proteína bruta. “A ideia de produzir o
feno tropical deve-se ao baixo teor de proteína das forrageiras da
família das gramíneas, neste caso, da braquiária, que dificilmente
ultrapassa 10%”, explica João K.
Alex Silva, da
Universidade Estadual de Goiás (UEG) e parceiro de João K, diz que foi
para aumentar o teor de proteína no processo de produção do feno que o
feijão-guandu-anão foi adicionado à braquiária, que é importante fonte
de fibras. “Com isso, o índice foi a 18%, próximo ao da alfafa, cujo
teor de proteínas é de 22%, e superior ao da aveia, que tem entre 8% e
12% de proteínas”, diz.
Essas forrageiras (no
Paraná, os produtores estão usando aveia-preta) são as mais utilizadas
para fenação em Estados da Região Sul, que utilizam a técnica para
alimentar o rebanho no período de inverno. Na Região Centro-Oeste, a
proposta, de acordo com João K, é a mesma. “O gado não vai sentir falta
de alimentos no período da seca”, garante. “As duas espécies são de boa e
alta palatabilidade.”
SEMEADURA
Conforme João K, para produzir o feno tropical, o produtor pode
semear as duas espécies a lanço, incorporando-as com uma grade
niveladora fechada, para não cobrir demais as sementes. Mas também é
possível semear em linhas, intercalando o guandu-anão com a braquiária.
“Nesse caso, a semeadura é específica para essas duas espécies, e ainda é
possível fazer consórcio dessas forrageiras com o milho ou o sorgo”,
afirma. O corte ocorre entre 80 e 100 dias após a semeadura.
“A secagem da matéria depende de insolação, e é preciso
controlar a umidade do material cortado, que deve estar entre 15% e 20%
na hora do enfardamento.” Nesse caso, a recomendação do pesquisador é
que as leiras cortadas sejam revolvidas para que os raios solares possam
atingir todo o material. Para estocar a mistura, um alerta: “Se for no
período de seca, pode ser feito no campo, caso contrário, é preciso ter
um galpão”.
Ainda não existe uma conclusão
definitiva sobre o poder de rebrota do guandu-anão nesse sistema, mas o
pesquisador diz que a rebrota da braquiária é rápida e mais volumosa,
graças ao aumento do número de perfilhos. “No caso do guandu, sabe-se
que a sua durabilidade quando consorciado pode chegar até quatro anos,
no caso de pastejo”, diz.
“A principal vantagem
da técnica é o aumento do valor nutricional, mas, uma vez implantado no
campo, o produtor pode decidir ainda pelo pastejo direto a campo, como
ocorre na Santa Brígida”, conta João K, mostrando ainda que outro
benefício do consórcio é a recuperação do solo degradado.
“As leguminosas têm uma capacidade natural de fixar nitrogênio ao solo,
melhorando sua capacidade produtiva. É uma alternativa, caso contrário, o
pecuarista vai ter de investir em fertilizante mineral, que é caro.” De
acordo com Alex Silva, áreas com elevado grau de degradação necessitam
ser corrigidas. “Tanto a correção da acidez como a adubação vão
proporcionar um feno de melhor qualidade. Não existe milagre”, afirma.
A produtividade do feno tropical nos experimentos dos
pesquisadores gira em torno de 10 a 14 toneladas de matéria seca por
hectare no verão. “É a época em que essas forrageiras são mais
produtivas”, diz João K.
Silva ainda lembra um
outro detalhe importante do sistema: a redução de custo. “A estimativa
do custo por tonelada da matéria seca do feno tropical é de R$ 58,51,
enquanto o custo de silagem da safrinha, por exemplo, é de R$ 122,43 por
tonelada de matéria seca. Uma economia e tanto.” As pesquisas, conforme
Silva e João K, ainda estão sendo concluídas. Itens como as melhores
populações de guandu-anão e o ganho de peso animal estão sendo
analisados, mas o feno tropical não vai demorar muito para chegar ao
mercado. “Se o agricultor quiser implantar o sistema e depois mudar de
opinião, o consórcio pode ser pastejado pelos animais, com melhor
qualidade na alimentação”, diz João K.
COMO FAZER UMA BOA ENSILAGEM
O Portal
Matsuda entrevista o médico veterinário da Bio's Animal, Artur Tavares, que fala
sobre os cuidados que o produtor precisa ter para fazer uma ensilagem de
qualidade. Aldinei Franco - 16/9/2013.
A ensilagem, respeitando os princípios básicos para bem prepará-la, é uma das técnicas mais difundidas para "guardar e preservar" o volumoso.
Matsuda: A seca vai chegar. Qual ou quais as
medidas que o produtor deve tomar para não deixar faltar alimento neste período?
A Ensilagem é uma alternativa?
Tavares: O
excesso de forragem tropical produzido durante a primavera/verão (época com
temperaturas e umidade altas – plantas crescem muito), deve ser cortado e
“guardado” para a falta que virá no outono/inverno (épocas secas e temperaturas
baixas – pastos secam ). Existem algumas técnicas para preservar estes
“excessos” de produção, numa época do ano, para serem usadas quando falta
pasto, dos quais destaco a fenação e a ensilagem.
Matsuda: No Silo mantêm-se os teores nutricionais das culturas ensiladas?
Tavares: Sempre haverá perdas. Logo após o corte iniciam-se as perdas. Um corte
feito pela manhã e administrado aos animais à tarde, pode ter perdas
consideráveis. Elas serão tanto maiores quanto mais tempo decorrer, no
pós-corte. No entanto, num silo bem feito, com uso de inoculante específico, as
perdas são mínimas.
Matsuda: Quais os cuidados para se fazer uma boa silagem?
Tavares: Os cuidados são basicamente o:
1. Planejamento do tipo de cultura
2. Ponto ideal de colheita e corte
3. Corte. As facas devem estar e manter-se bem afiadas, para que as
partículas sejam cortadas e não esgarçadas.
4. Dimensionamento do silo: deve estar relacionado com o tamanho do
rebanho, de modo que a fatia cortada diariamente seja superior a 15 cm.
5. Rapidez na confecção do silo, diminuindo perdas.
6. Tamanho da partícula: o ideal é que 80% da silagem fique entre 1 e 2
cm.
7. Compactação bem feita: tornar o meio o mais anaeróbico possível, com um
trator pesado passando por camadas finas, expulsando o ar residual entre as
partículas.
8. Fechamento perfeito do silo: de modo a manter o meio anaeróbico e não
permitir a entrada de ar e água. Em cima da lona, o peso ideal é de 100Kg/m2.
9. Pós abertura: a silagem a ser administrada deve ser cortada em fatias
no sentido de alto a baixo, evitando a formação de degraus e escadas (aumentam
a superfície exposta ao ar).
Matsuda: Quais tipos de Silo são mais utilizados?
Tavares:
a) Silos cilíndricos ou poço: (que podem ser “cavados” no solo ou aéreos).
Estes silos foram muito usados, são os mais antigos e ainda se vêem muitos
principalmente nos estados de SP, MG e RS. Uma das qualidades é a ótima
compactação que se consegue, com conseqüentes perdas menores. O grande defeito
é o difícil manejo para retirada do material ensilado. Está em desuso,
atualmente!
b) Silos trincheira: mais caros que os silos de superfície, mas permitem uma
compactação superior.
c) Silos de superfície: mais econômicos, mas de difícil compactação,
principalmente nas laterais e, conseqüentemente, com mais perdas.
d) Silos “Salsichão”: feitos com uma lona fechada de formato cilíndrica, aliam
as características do silo de superfície, com uma compactação muito superior.
Neste caso a máquina desenvolvida pela Matsuda já possui o aspersor
acoplado.
Matsuda: Como o produtor determina o tamanho correto deste Silo?
Tavares: Ao planejar a construção de um silo, algumas variáveis devem ser
levadas em consideração:
- Nº. de animais que vão ser alimentados pelo silo e o consumo diário.
- A quantidade de silo consumida por dia deve ser retirada com um corte reto
(como se fosse uma fatia de “pão de forma”, no sentido de cima para baixo), com
uma espessura superior a 20 cm.
- É preferível fazer 5 silos de 1.000 Toneladas do que 1 de 5.000 toneladas (o
tempo para fazer e fechar um silo menor, implica que as perdas sejam
menores).
- Como regra geral: é preferível fazer 1 silo comprido e estreito, de modo que
a fatia retirada diariamente seja muito superior a 20 cm, que fazer um silo
largo e curto, cuja retirada diária seja inferior a 15 cm.
Matsuda: Qual a função dos aditivos e como adicioná-los?
Tavares: Em condições anaeróbicas, o aditivo específico torna o processo
fermentativo mais rápido, o pH diminui rapidamente dentro do silo, dando
condições que as bactérias benéficas possam competir e tomar espaço das
bactérias patogênicas ou maléficas. Se a fermentação é mais rápida, como
conseqüência, as perdas são menores.
Os aditivos mais atuais possuem bactérias produtoras de ácidos que atuam como
antifúngicos (combatem leveduras e fungos) no pós abertura.
A adição do inoculante, para quantidades menores ensiladas pode ser feita por
aspersores manuais e para grandes silos, usam-se aspersores automáticos
acoplados às cortadeiras, permitindo uma boa produtividade.
Importante: a água para diluir o aditivo deve ser potável, não clorada e a
calda deve ser “guardada” à sombra e consumida no mesmo dia que foi feita.
Matsuda: Existe algum indicativo que aponta ao produtor que já está no
momento de abrir o Silo?
Tavares: Havendo necessidade (por exemplo, queimou o pasto e os animais
ficaram sem ter o que comer), o silo pode ser aberto em qualquer momento, mesmo
que não tenha terminado o processo fermentativo. Não fará mal aos animais!
O tempo para abertura do silo depende da matéria prima que foi usada para
confeccioná-lo e se foram respeitados todos os princípios básicos para fazer um
bom silo (item 3). O controle da temperatura e pH são importantes para essa
determinação.
O silo de milho pode ser aberto entre 7 a 10 dias.
O silo de cana é mais demorado, pois o abaixamento do pH é mais lento e a ação
do Lactobacillus buchneri mais tardia. O ideal seria abri-lo com cerca de 30
dias, pós-fechamento.
O silo de capins, na faixa de 10 a 15 dias.
Estes “tempos” devem servir como referências, e não ser tomados como absolutos,
pois muitas variáveis estão em jogo.
Matsuda: Quais são as melhores espécies forrageiras para se ensilar?
Tavares: Sem dúvida, o milho reina como a ensilagem mais usada e divulgada.
Contribuem para isso, sua composição com teores de Matéria Seca e Açúcar e sua
Proteína mediana, que facilitam uma rápida fermentação.
Capins, normalmente são mais úmidos, apresentam uma menor concentração de
carboidratos e são de fermentação mais difícil.
A cana tem ganhado terreno na técnica de ensilagem. Devido à sua rica
concentração de sacarose, ao ser ensilada, a sua fermentação produzia uma
grande quantidade de etanol, com perda nutricional da energia. Com o advento da
pesquisa feita pela ESALQ/USP, de Piracicaba, em 2003 (Silomax Cana), o
Lactobacillus buchneri controlou essa produção de etanol e preservou essa
energia. Ano após ano, aumentam as tonelagens ensiladas de cana.
Matsuda: Na ensilagem, por exemplo, do Capim-Elefante pode-se fazer a adição
de uma leguminosa?
Tavares: Poder pode, mas não deve!
Forrageiras diferentes devem ser ensiladas em silos separados porque os
resultados são superiores se comparados à ensilagem conjunta, em função de
possuírem diferentes períodos de maturação, nem sempre as 2 ou 3 espécies
ensiladas estarem no melhor teor de MS (matéria seca) para serem ensilados,
possuírem composições distintas de carboidratos com conseqüentes diferentes
intensidades e ritmos de fermentações. Na prática, o material ensilado em
condição desfavorável piora a qualidade da silagem do outro.
Outro fator negativo dessa mistura seria saber exatamente o % de cada
forrageira ensilada. Como têm composições distintas, para calcular a dieta,
o nutricionista vai ter de saber qual é o % de cada forrageira ensilada
para calcular a dieta total.
Conclusão: faça silos separados.
Matsuda: Para quais espécies animais a silagem pode ser fornecida? Há alguma
espécie que não pode receber este volumoso?
Tavares: Todos os ruminantes, incluindo os pequenos (caprinos, ovinos...)
podem ser alimentados com silagem.
Matsuda: Os animais podem consumir um material ensilado normalmente,
existe algum produto que precisa ser adicionado ou então alguma restrição
quanto à quantidade diária a ser fornecida?
Tavares: Se o produtor fizer um silo dentro das exigências e usar o
inoculante específico, não há necessidade de outras adições. Em qualquer
mudança brusca de dieta, deve-se fazer uma adaptação paulatina, adaptando a
flora e fauna ruminal, para esse novo ingrediente (5 a 7 dias com aumento
gradativo diário desse novo ingrediente). O nutricionista vai calcular as quantidades a serem administradas levando em
consideração, a exigência nutricional do animal, sua fase de desenvolvimento,
os ganhos de peso (GP) e de conversão alimentar (CV) pretendidos, os custos das
matérias primas envolvidas e sua disponibilidade...
A silagem entra como mais um ingrediente da formulação da dieta total e ela vai
participar com um % maior ou menor, dependendo dos outros ingredientes
envolvidos.
FONTE: http://www.matsuda.com.br/matsuda/Web/Entrevistas/detalhe.aspx?idnot=V11022815450682
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